quinta-feira, 18 de abril de 2013

pulenta

entre duas tristes idas-e-vindas, que duraram alguns dias eternos, pude ter mais certeza que perco o ar, que pernas bambeiam sem forças e que não quero mais ninguém.

pulentinha. você é a mulher mais maravilhosa que existe. a que me entende, me dá broncas, carinhos, paz e sossego. a minha noiva.

terça-feira, 9 de abril de 2013

... e progresso

se amo o brasil?

amo as paisagens de tirar o fôlego (clichê, eu sei. mas são). amo os animais feiosos que temos aqui que, de tão feiosinhos, são lindos.

e ponto.

não amo o ar que respiramos ou a água que bebemos. péssima qualidade. ou, se de boa qualidade são, afastado é o povo, menos alcanço tem, e menor ainda é sua notoriedade. pena.

não amo o brasil como um todo não. na verdade, acho um país grotesco. verdadeiramente, acredito serem as pessoas os monstros deste país.

como amar pessoas atrasadas, presas em preconceitos engolidos, não digeridos, sem refluxos? como amar pessoas sem a menor vontade política? como amar pessoas que tem medo de aparecer? como amar pessoas que acreditam que se calar, não comentar causos, é a melhor solução para que o outro não receba ibope? como amar pessoas que acreditam que acabar com a liberdade de escolha de outros é garantir moral? como amar pessoas que, sendo quem são, injetam discursos babacas, atrasados, baseados em dogmas, em "verdades", em palavras de alguns, sem ouvir as dos outros? como amar motoristas de carro, ônibus, vans, motocicletas, ciclistas, skatistas, patinadores e pedestres que INSISTEM em não pensar no próximo quando estão nas ruas? como amar quem julga sem conhecer? como amar quem não julga, depois de conhecer? como amar a falta de ajuda, de carinho, de atenção, de noção, de respeito e de educação?

como amar o "jeitinho brasileiro", esta ameaça que nos cerca desde sempre?

também não amo as regras. não me desce aceitar os salários díspares de governantes e catadores de lixo. de governantes e empregadas domésticas. de governantes e professores. de governantes e policiais. de governantes e médicos de rede pública. os salários díspares dos governantes.

ponto, né?

em compensação, me desce menos a galera apolítica. digo aqui, por conhecimento próprio: você NÃO precisa gostar de política para ser alguém politizado. a política brasileira é asquerosa mesmo. eu também não gosto. eu também prefiro ir a um bar com amigos. mas eu, diferentemente de muitos, vou a um bar e DISCUTO. não brigo: discuto. sento, peço minha cerveja (se for um bar que possa fumar, melhor), e começo a conversar. dificilmente, o assunto não cai em políticas públicas, declarações preconceituosas de pessoas poderosas ou midiáticas e problemas corriqueiros da cidade. (certa vez, percebi que um buraco grande em PINHEIROS - bairro nobre de são paulo - demorou 3 (três) meses para ser recapeado. cidades japonesas se reergueram depois de terremotos em um ano. CI-DA-DES). e digo mais: saio do bar e continuo o assunto com minha namorada, mãe, pai, irmão, amigos... dia seguinte e quantos forem necessários para que ninguém me aguente mais.

você aí: já pensou em tentar arrumar a sua cidade? seu bairro? eu já. da forma que consigo. da forma que tenho poder. pela internet e pelas ruas.

eu não fico calada. não gosto de quem fica. não gosto de quem "curte" e não "comenta", não "responde", não "compartilha", não "retuíta". nem que seja para ter opinião contrária. discussões pacíficas só existem para o bem. e o bem comum.

acabei (com vergonha pela demora) de assistir a um filme lindo: "milk". se não assistiu, recomendo fortemente. goste você de política ou não, se está lendo até agora, acredito que mente aberta tenha. então, continue com ela abertinha, bonitinha, pronta para novas ideias, novos movimentos, novas aflições e novas glórias. assista e manifeste-se.

saia do seu armário. no momento em que estamos, mais do que sempre, "privacidade é o inimigo" (sim, tirei do filme. me julguem).



e não amo nosso lema. precisamos DESORDENAR para termos PROGRESSO.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

the joke's on you

hoje, passeando por avatares em faces, recebi, mais uma vez, um soco no estômago. virtualmente. mas doeu.

dois momentos distintos, mas que ocorreram na mesma fração de hora:

primeiramente, vi um cara que respeito um tanto postar isto aqui:



para quem não entendeu, a rede Mercure de hotéis deu (com direito a piscadinha no final) uma resposta para uma piada do "engraçadíssimo" Rafinha Bastos.

lá foi ele, todo pimpão, mais uma vez, fazer piada pronta, óbvia. e a rede de hotéis, em muitos menos caracteres que este "humorista", colocou-o no lugar. sem alarde, sem processos, sem nada. mentira. teve a piscadinha.

enquanto eu estava lá, felizona com a resposta, acreditando mais um tiquinho em gente, uma das pessoas que tenho como amiga no face postou um vídeo que não consegui linkar, mas também é tão patético que nem preciso. vou contar pra vocês o que acontece (pelo menos até onde assisti - o que não foi muito)

tá lá, na praia, uma mulher gorda no mar. uma onda bate nela e ela cai. e não consegue se levantar. e outra onda aparece. e a derruba novamente. a cena se repete muitas vezes, com várias pessoas ao lado ou perto dela e, obviamente, um ser qualquer gravando a cena toda.

"ah, qualé... é engraçado ah ah ah"

não. não é. eu parei de assistir ao vídeo porque comecei a ficar sem ar. como aquela moça deve ter ficado. ela deve ter engolido MUITA água. e, claro, ninguém a ajudou a levantar.

lembra que eu falei que estava começando a acreditar um tiquinho mais em gente? PUF sumiu!

para meu choque (não esqueçam que eu estava em um momento de regozijo. sendo assim, me choquei mesmo), me pediram "mais humor"! sério?

o que era tão engraçado na cena? a mina gorda? a mina gorda que caiu? a mina gorda que caiu e o mar não a deixou levantar? ou ela não levantou por causa de seu peso e a graça está aí? ou as pessoas ao lado paralisadas com a gorda que não se levanta?

o que tem de engraçado nisso?

se eu estivesse lá, tentaria ajudar. para DEPOIS, sentar em um bar com ela, tomando cervejas e COM ELA, rir do momento de desespero que passou.



falei disso para comentar que é esse tipo de gente, que ri da gorda que não consegue levantar, que também ri de piadas de Rafinhas Bastos da vida. o tipo de humor preconceituoso, homofóbico, racista NÃO tem graça.


ps1: não sou dada a eufemismos e acho ridículo chamar gente que é gorda de "gordinha" ou falar que está "acima do peso". magro é magro, gordo é gordo. ou "gordo" agora é palavrão?

ps2: não sou nada a favor do politicamente correto de guerrilha. só acredito piamente que, antes de fazer "graça" com minorias ou com pessoas que precisam de ajuda, olhe pro seu umbigo, dê uma lavada antes e PARE PARA PENSAR! dói nada e é de graça!

ps3: "graça" está entre aspas porque eu não vejo graça nenhuma em piada. me chamem de mal-humorada.